Existem palavras mágicas na produção, uma delas é a "pressa".
Um atraso provocado por um qualquer factor, só tem uma resposta, resolver. Só tem um tempo de resposta, já. Vulgarmente a isto chama-se a pressa.
- É uma pressa? - perguntam-me.
Claro, temos que enviar hoje para o cliente - é a resposta.
O que falhou? Quem falhou? Quando se falhou? Onde se falhou? Para quem vai-se esforçar por resolver este novo problema, não interessa.
O lema é: hoje foi um, amanhã posso ser eu. O espiríto de equipa para os imprevistos é importante.
Por vezes trata-se de uma antecipação de uma encomenda. Um pedido extra de um cliente especial. Tudo é encarado da mesma forma, tem que ir hoje! Desde que a proporção seja adequada à capacidade. Estando isso salvaguardado por quem transmite as faltas, o assunto ganha o contorno de "desenrascar" o cliente.
Nisso somos bons, os portugueses. Na forma desorganizada de trabalhar, na generosidade com que encaramos a pressa. A vontade de conseguir os impossíveis, de demonstrar que mesmo em cima do limite, também se consegue entregar artigo aos clientes.
Devemos posteriormente à entrega, analisar a causa. Se for mesmo um pedido tardio e com isso, a satisfação do cliente foi atingida, não existe análise alguma.
Quando a falha é interna, é necessário criar mecanismos de prevenção.
Erros sistemáticos de alguém, ou de um processo são inadmissíveis.
Erros pontuais, ou causas factuais são extremamente difíceis de detectar.
Exige uma atenção ao sistema de informação desenvolvido:
1- Apuramento da origem da falha, verificação de lançamentos a produção, da documentação criada versus original do cliente.
2 - Outro elemento pertubador é o controlo numérico efectuado por um operador. Peças a menos como resultado final, numa das operações a montante, com 2º controlo apenas no final do processo, obrigam a um esforço suplementar desnecessário, por vezes obrigando a set-ups de máquinas e ferramentas desnecessários.
O factor pode ser exógeno, derivado de um atraso inesperado por um determinado fornecedor. Matérias primas recepcionadas nas vésperas (ou no próprio dia) da carga, em produções com grande diversidade de componentes para o mesmo artigo final, implicam uma "corrida" fora do normal. Nestes casos, a "pressa" não é bem encarada. Apesar do compromisso dos aprovisionamentos, da presença do responsável pelo departamento na recepção, o esforço seguinte não é bem encarado.
Assim, como quando o erro é no processamento de encomendas e transmissão dos dados ao departamento de produção. É complicado tornear o problema. Sendo da cadeia de valor interna da empresa, assume-se como um factor externo. A falha por mais pequena que seja fica enorme, inadmissível e a "pressa" demora a arrancar. Se se falhar paciência - fizemos o melhor.
O espírito de equipa também já não é o mesmo, em situações de atrasos. Se numa determinada operação, ou máquina, ou linha, surge atraso incompreensivelmente e por causa disso se desenvolve um processo de caótico de entrega, o egoísmo, ou o realismo sobrepõe-se a tudo.
Isso é matéria para outra dissertação.
Apontamentos esporádicos de um trabalhador por conta de outrem
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